sábado, 7 de março de 2009

ESCRITOS Nº 30

RISCOS

Rir é correr o risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas devemos correr os riscos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre!

SÊNECA
Filósofo e Poeta romano. Lucius Annaeus Seneca nasceu em Córdoba, aproximadamente em 4 a.C. e faleceu em Roma em 65 d.C. Estudou filosofia e retórica. No ano de 62 retirou-se da corte para dedicar-se à meditação e seus estudos filosóficos. Envolvido em conspiração, suicidou-se. Algumas obras: Sobre a Ira, Sobre o Ócio, Sobre a Tranqüilidade da Alma, Sobre a Brevidade da Vida, Sobre a Clemência, Sobre os Benefícios, Problemas Naturais, Epístolas morais a Lucílio.
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Desmentir mentiras
Recomeçar e pintar o túmulo
Deixar que os inimigos
esquentem o jantar
Adiar certos saltos
Participar da festa da tolice
- e tirar retratos
Testemunhar a fome
- que nunca é saciada...
É um bom começo
pra esfriar a frieza
Por-lo-à em gelo
E degustá-la, líquida,
em taça clara do pensamento

ALINE LEAL
Jequié/BA
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DEIXANDO

Pouso o cansaço
nos clarões do instante.
Exponho meus atos
na cilada das horas.
Invento imagens
na linha do tempo,
o símbolo da luta
no caminho já trilhado.
Descubro a visão da manhã
a solidão algemada na memória
e os gestos paralisados
no ventre do nada.

LUIZ FERNANDES DA SILVA
João Pessoa/PB
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o tempo passa devagar
adoraria ouvir
o telefone tocar.

EUNICE MENDES
Santos/SP
in: Flores e Frutos
Contato com a autora:
e-mail: walmordario@ig.com.br
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DAS VIDAS...

Vi uma pessoa nascer no meio do entulho.
Era um homem.
Era um ser.
Poderia ser eu.

WALMOR DARIO SANTOS COLMENERO
São Vicente/SP
in: Das...
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LIVROS DE EUNICE MENDES:

* Cerimônia das Flores
* Flores e Frutos
* Sonhares
Valor: R$ 15,00 (cada)

* Sino dos Ventos (Haikais)
* Lua na Janela (Haikais)
* Espaços do Vazio (Haikais)
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LIVROS DE WALMOR DARIO SANTOS COLMENERO

* Poemas Bluseiros
* Um Poeta na Itália
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Contatos: Eunice e Walmor
e-mail: walmordario@ig.com.br

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MEDO

O amor cresce
na direta proporção do medo.
O amor traz uma força
até então desconhecida.
E do desejo de preservá-la,
nasce o medo de perdê-la.
O medo de perder
passa a ser maior
do que o temor
de não ganhar.
O medo maior
não é o medo da morte,
é o medo de perder
toda a sede de viver.
O medo maior
não é o medo da partida,
é o do retorno, do retrocesso,
da volta ao que já se viveu.

O medo maior
é o medo do conhecido.

RENATA PACCOLA
São Paulo/SP
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O TEMPO

Espantados olhos
vasculhando a treva.
(A ignorância nossa
do mistério é ceva.)

Num lugar da noite
(ao lado ou cá dentro)
dormem o ontem, o hoje,
o amanhã e o sempre.

Onde a espada que
a armadura rompa,
onde a lança que

desmantele o escudo e
mostre as faces do
tempo simultâneas?

ANDERSON BRAGA HORTA
Brasília/DF
in: 50 Poemas escolhidos pelo autor
Edições Galo Branco
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ALMAS

Eram almas, sim, eram almas.
Roçavam em meu corpo como vento frio de inverno
e meus pelos se eriçavam
e uma lambada de fogo corria garganta abaixo.
Dançavam ao som de muitos lamentos
seus próprios lamentos
e as lágrimas subiam aos céus
parecendo neblina pronta a desandar em garoa
ou preces.
E todas as noites elas vinham
cada uma de um canto qualquer
uma pequena multidão quase transparente.
Chamavam por mim.
Eu fingia não ouvir
não sentir
não querer.
Mas, elas chamavam, chamavam por mim.
E no jardim, por entre as árvores, esperavam.
Perdiam-se em meio ao branco dos pequenos jasmins
e reapareciam sobre o gramado muito verde
parecendo brincar.
Nutriam-se do perfume das flores
tão brancas
irmãs da mesma cor.
Acostumei-me à dança
aos lamentos
à presença.
Não mais podia viver sem as almas.
E quando elas se foram, eu chamei, supliquei, implorei.
Entre garoas e preces, misturei-me aos jasmins
e esperei.
Por quantos dias, não sei.
Mas, compreendi.
Eram almas, sim, eram almas!
Pequenas almas muito brancas.
Almas de colibris.

VALÉRIA NOGUEIRA EIK
Maringá/PR
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QUE É FANZINE?

É um tipo de publicação relacionada às artes, cinema, música, quadrinhos, poesia, literatura, etc. Devido à informática e o custo barato de duplicação do original (xerox), tornou-se veículo de comunicação alternativa. Surgiu da contração das palavras inglesas fanatic (fã) e magazine (revista). Esse neologismo foi usado pela primeira vez em 1941 por Russ Chauvenet, para dar nome às publicações alternativas que surgiam nos Estados Unidos, com textos de ficção científica e curiosidades. Possuíam poucas tiragens, distribuídas pelo correio e circulavam de mão em mão.
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PROVÉRBIOS

* "Um bom café equivale a quarenta anos de amizade." (Turco)
* "O coração sente, a boca mente." (Latino)
* "Cada passarinho canta sua canção." (Latino)
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O BLUES

(...)
Em contraste com o blues inspirado no holler, os primeiros blues que mostram a influência dos cantos do trabalho empregam frases mais curtas, com pontos mais específicos de ênfase rítmica. Uma forma de marcar estas ênfases era levar o ritmo com o violão. Já que estamos considerando as raízes do blues, é útil também recordar que as primeiras gravações do blues incluíam quase todo tipo de música, não somente no estilo holler e os cantos do trabalho.
(...)

Por Samuel Charters
in: Mestres do Blues – Vol. I
(continua na próxima edição)
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ESPAÇO DO LEITOR

NO SÍTIO

A gota d’água
resvalou entre folhas
e caiu no peitoril
do terraço.
Fragmento de geada.
Em tudo aparecem
grãozinhos brancos
derretendo.
O gramado parecendo
echarpe arabescada,
é pisado pelo cão
de coleira debruada.
Vento enregelado,
balança as árvores.
O joão-de-barro faz casa
no alto do mourão.
Um canário pinta
o espaço com suas cores.
O sol aqueceu.
Tudo palpita!

APARECIDA MARIANO DE BARROS
Jundiaí/SP
in: A serenata, o luar, e a saudade...
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eixos que se cruzam
pessoas que não se encontram

NICOLAS BEHR
Brasília/DF
in: Braxília Revisitada
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TROVA

Essa mancha exígua e preta,
no seu colo, alvo e desnudo,
lembra frágil borboleta
toda feita de veludo.

HUMBERTO DEL MAESTRO
Vitória/ES
in: Trovas, Haicais e outros poemas
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HAICAI

Entre os galhos nus
Do pinheiro da calçada
O arco da lua.

HAZEL DE SÃO FRANCISCO
São Paulo/SP
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DICA DE LEITURA

JOSÉ ATHANÁZIO, MEU PAI - Biografia - Enéas Athanázio - Editora Minarete - 2009. Neste volume, o consagrado autor conta com simplicidade e carinho a história da vida de seu pai, falecido aos 37 anos de idade. Com belas fotos de familiares é uma preciosa homenagem.

ESPELHO DAS ÁGUAS - Poemas - Larí Franceschetto - Edições EST - Porto Alegre - 2008. Neste primeiro volume individual de poemas, o premiado Larí Franceschetto nos brinda com o lirismo de seus versos livres, plenos de uma poesia viva, cotidiana, pulsante.
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AVISO IMPORTANTE

Aceitamos colaborações de poemas e/ou pequenos textos em prosa, que poderão vir a ser publicados se estiverem de acordo com o perfil da nossa linha editorial. Os textos aqui publicados são de responsabilidade exclusiva de seus autores. O fanzine impresso pode ser adquirido pelo custo simbólico de R$ 2,00 (dois reais) - Assinatura Anual: R$ 10,00 (dez reais). Maiores informações entre em contato com o editor: Walmor Dario Santos Colmenero - Endereço Postal: Pça Nossa Senhora das Graças, 76 apto. 11 CEP.: 11390-090 Vila Valença - São Vicente/SP - Endereço eletrônico:
walmordario@ig.com.br

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